Bárbara Gusmão

“Motivo” de Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Tema: Transitoriedade em tudo – na vida e nas coisas.

Tese: O “eu” lírico se refere à subjetividade, intimidade e descrição dos sentimentos; percebemos com facilidade as características na poesia de Cecília como a naturalidade com que coloca em palavras a passagem do tempo, a transitoriedade da vida e dos objetos, utilizando de uma linguagem sensorial, intuitiva e o tom melancólico com que descreve um conflito interior. “Motivo” pode denotar a motivação do “eu” lírico para continuar vivendo, contentando-se em ser apenas poeta, apesar de não ser exatamente feliz ou triste; dando importância ao presente, ao agora e ao que edificamos na terra, desvalorizando as coisas passageiras – porque não devemos ficar presos a elas, já que, assim como a nossa existência, elas passam.

Bárbara Gusmão

A Comédia dos Erros - William Shakespeare.

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Em Éfeso, um comerciante de Siracusa, chamado Egeu, é condenado à morte por ter cruzado a fronteira entre as duas cidades rivais. Enquanto é conduzido para sua execução, conta ao duque de Éfeso, Solino, a sua história, que veio a Siracusa a procura da esposa e dos filhos e servos gêmeos, que foram separados há vinte e cinco anos por causa de um naufrágio. Dois gêmeos – um filho e um servo – que cresceram com Egeu, estão viajando também em busca da outra metade da família. O duque, então, concede a ele um dia mais para conseguir mil marcos, para pagar o seu resgate.

Porém, sem que Egeu tome conhecimento, Antífolo de Siracusa e Drômio, seu escravo, também se encontram na cidade – onde moram os seus gêmeos.

A partir disso começa uma sucessão de mal-entendidos. Adriana, esposa de Antífolo de Éfeso, confunde-o com o de Siracusa, levando-o para casa e Drômio fica como protetor na entrada da casa. Assim, quando Antífolo de Éfeso – com seu Drômio – volta, é impedido de entrar em sua própria casa. Entretanto, Antífolo de Siracusa se apaixona por Luciana, irmã de Adriana, que estranha e fica confusa com o comportamento do suposto cunhado.

Ainda é aumentada a confusão quando uma corrente de ouro que deveria ser dada ao Antífolo de Éfeso é dada ao de Siracusa. Antífolo de Éfeso se recusa a pagar por uma corrente que não recebeu e é preso. A esposa acredita, assim, que ele está louco e busca pelo professor Pinch – um exorcista. Porém, o Antífolo de Siracusa e seu Drômio decidem fugir da cidade, que pensaram ser enfeitiçada, mas Adriana o ameaça e eles procuram refúgio em uma abadia.

Adriana pede ao duque que interfira, tirando seu suposto marido da abadia. O seu verdadeiro Antífolo, porém, escapa e procura pelo duque. A confusão começa a se desfazer, então, e é resolvida por Emilia, que traz os dois gêmeos para fora da abadia revelando ser a esposa desaparecida de Egeu.

O Antílofo de Éfeso e Adriana se reconciliam. Egeu é perdoado pelo duque Solino e volta para sua esposa. O Antífolo de Siracusa começa a tentar algo com Luciana e os Drômios felizes pelo reencontro.

Bárbara Gusmão
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Aplicando a definição de Aristóteles à Electra, de Eurípedes, temos a traição de Clitemnestra e o assassinato de Agamêmnon retratando a paixão humana – que leva os seres humanos a portarem-se de violência e irracionalidade, ignorando as leis humanas ou divinas que organizavam a vida.

Os conflitos resultantes da paixão e tais atos são retratados pelas condições em que se encontravam Electra (que fora obrigada pelos assassinos de seu pai a se casar com um camponês, estando em situação humilhante e pobremente vestida, lamentando a morte de Agamêmnon e sentindo-se abandonada pelos deuses) e Orestes (que assiste às lamentações de Electra escondido e logo se passando por um amigo dele próprio, ela conta-lhe a situação atual e recebe a hospitalidade do camponês, marido da irmã) e pela vingança planejada por eles, a morte de Egisto e de Clitemnestra.

Apresenta, então, personagens nobres e heroicas como deuses e semideuses (apesar de possuírem menos relevância, diminuição qualitativa das ações divinas nas peças de Eurípedes) representados pelos Dióscuros e Pólux, que ordenam a Orestes casar Electra com Pílades e deixar Argos, avisando-o que será perseguido, devendo submeter-se ao tribunal em Atenas e que Apolo considera-se culpado. Orestes e Electra se despedem.