Cenário
Personagens
Considerações da Equipe de Trabalho
A sátira social é implacável e coloca em prática um lema, que é "rindo, corrigem-se os defeitos da sociedade". A obra tem, portanto, valor educativo muito forte. A sátira vicentina serve para nos mostrar, tocando nas feridas sociais de seu tempo, que havia um mundo melhor, em que todos eram melhores. Mas é um mundo perdido, infelizmente. Ou seja, a mensagem final, por trás dos risos, é um tanto pessimista.
Na peça, é clara a intenção do autor em expor de forma satírica e despojada os grandes vícios humanos. A forma encontrada para isso reside nos personagens, ou melhor, nas almas que se apresentam no porto em busca do transporte para o outro lado, dentro da visão católica e platônica de céu e inferno.
No auto, o autor faz o Diabo (sujeito/protagonista) parecer-se com um vendedor, ou seja, ele conhece bem as pessoas e é um ótimo argumentador, e busca obter o maior número de objetos, ou seja, de almas. Ele age como zombeteiro e irônico em certos momentos da peça, exibindo o lado mais errado dos personagens e revelando o que cada um deles deseja esconder, seus vícios e suas fraquezas. Como competência, ele tem o poder de retrucar, argumentar e penetrar nas consciências humanas, e acaba por levar cada personagem ao ato de refletir sobre seus feitos, para que percebam que não foram bons em vida, destacando assim o Teocentrismo medieval. Interessante ressaltar também que o Diabo nunca força ninguém ao pecado, ele apenas trabalha com as atitudes das próprias pessoas.
Do alto da torre, ela podia vislumbrar a imensidão da criação de Deus: durante o dia, ela via colinas cobertas de florestas, rios que cortavam a terra e campinas cobertas por flores de todas as cores do arco-íris; e, a noite, o impressionante espetáculo da harmonia e majestade dos céus estrelados. Logo a jovem donzela passou a se questionar sobre o Criador de um mundo tão esplêndido e harmonioso. Aos poucos elas foi se convencendo que os ídolos pagão eram criação das mãos humanas, e embora seu pai e tutores a ensinavam a adorá-los, os ídolos não se mostravam sábios ou divinos o suficiente para terem criado o mundo. O desejo de Bárbara de conhecer o Deus Verdadeiro consumia sua alma de tal maneira que ela decidiu devotar toda a as vida a isto, vivendo em castidade.
Mas a fama de sua beleza espalhou-se pela cidade, e surgiram muitos pretendentes à sua mão. E apesar das súplicas de seu pai, ela recusou, dizendo-lhe que sua persistência poderia separá-los para sempre, tendo um final trágico. Dióscoro, então, decidiu que o temperamento de sua filha havia sido afetado por sua vida reclusa – ele, então, permitiu que ela deixasse a torre, concedendo-lhe a liberdade de escolha de seus amigos e conhecidos. Foi assim que a donzela conheceu na cidade jovens cristãos, que lhe revelaram sobre os ensinamentos de Deus, a vida de Nosso Senhor, a Trindade e a Sabedoria Divina. Pela Providência Divina, após um certo tempo, um padre de Alexandria, disfarçado como mercador, chegou a Heliópolis, e posteriormente veio a batizar Bárbara.
Enquanto isso, um luxuoso quarto de banho estava sendo construído na casa de Dióscoro. Segundo suas ordens, os operários deveriam construir duas janelas na parede sul; mas Bárbara, aproveitando-se da ausência de seu pai, pediu-lhes para que fosse feita uma terceira janela, representando a Trindade. Sobre a entrada do quarto de banho Bárbara esculpiu em pedra uma cruz – segundo o hagiógrafo Simeão Metafrastes, certo tempo após a fonte que originalmente abastecia o quarto de banho ter secado, ela voltou a jorrar água com poderes curativos.
Quando Dióscoro retornou, expressando insatisfação com as mudanças em sua obra, sua filha lhe contou sobre seu conhecimento do Deus Triúno, sobre a salvação pelo Filho de Deus e da futilidade de adorar falsos ídolos.
Dióscoro imediatamente foi tomado pela fúria, tomando uma espada para matá-la; a jovem fugiu de seu pai, que partiu em sua perseguição; quando Santa Bárbara chegou a uma colina, nele se abriu uma caverna para escondê-la em seu interior. Após uma busca longa e sem resultados por sua filha, Dióscoro viu dois pastores em uma colina. Um deles lhe mostrou a caverna onde a Santa havia se escondido – quando a encontrou, Dióscoro lhe deu uma surra terrível, para depois mantê-la em cativeiro, em um jejum forçado. Vendo que não conseguia vencer a fé de Santa Bárbara, ele a levou para Marciano, o governador da cidade. Juntos, eles voltaram a surrá-la e chicoteá-la, salgando suas feridas. À noite, a Santa Donzela rezou com fé ao Senhor, e Ele lhe apareceu em pessoa, curando seus ferimentos. Ela, então, sofreu tormentos mais cruéis ainda.
Entre a multidão que se encontrava próximo ao local da tortura, havia uma cristã moradora de Heliópolis, de nome Juliana, e seu coração havia se enchido de compaixão pelo martírio voluntário da bela e ilustre donzela.
Também desejando se sacrificar por Cristo e sua fé, e começou a denunciar os torturadores em voz alta, sendo presa logo em seguida. Ambas a Santas Mártires foram torturadas por muito tempo; após serem flageladas, foram levadas pelas ruas da cidade, em meio à zombaria e escárnio da multidão.
Após a humilhação, as fiéis seguidoras de Cristo, Santas Bárbara e Juliana foram decapitadas. O próprio Dióscoro executou Santa Bárbara. A fúria de Deus não tardou a punir seus torturadores e executores: logo em seguida, Dióscoro e Marciano foram fulminados por raios e relâmpago.
No século VI, as relíquias da Santa Mártir Bárbara foram transladados para Constantinopla. No século XII, a filha do Imperador Bizantino Aleixo Comenes, a princesa Bárbara, após contrair matrimônio com o príncipe russo Miguel Izyaslavich as transladou para Kiev, capital da atual Ucrânia. Hoje suas santas relíquias descansam na Catedral de São Valdomiro em Kiev.
Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte da República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, Lida, possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia, exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Jorge, ao ver que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.
O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os romanos deviam se converter ao cristianismo.
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a Verdade?". Jorge respondeu-lhe: "A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade."
Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia (Ásia Menor).
Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente.
“Motivo” de Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Tema: Transitoriedade em tudo – na vida e nas coisas.
Tese: O “eu” lírico se refere à subjetividade, intimidade e descrição dos sentimentos; percebemos com facilidade as características na poesia de Cecília como a naturalidade com que coloca em palavras a passagem do tempo, a transitoriedade da vida e dos objetos, utilizando de uma linguagem sensorial, intuitiva e o tom melancólico com que descreve um conflito interior. “Motivo” pode denotar a motivação do “eu” lírico para continuar vivendo, contentando-se em ser apenas poeta, apesar de não ser exatamente feliz ou triste; dando importância ao presente, ao agora e ao que edificamos na terra, desvalorizando as coisas passageiras – porque não devemos ficar presos a elas, já que, assim como a nossa existência, elas passam.
A Comédia dos Erros - William Shakespeare.
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Em Éfeso, um comerciante de Siracusa, chamado Egeu, é condenado à morte por ter cruzado a fronteira entre as duas cidades rivais. Enquanto é conduzido para sua execução, conta ao duque de Éfeso, Solino, a sua história, que veio a Siracusa a procura da esposa e dos filhos e servos gêmeos, que foram separados há vinte e cinco anos por causa de um naufrágio. Dois gêmeos – um filho e um servo – que cresceram com Egeu, estão viajando também em busca da outra metade da família. O duque, então, concede a ele um dia mais para conseguir mil marcos, para pagar o seu resgate.
Porém, sem que Egeu tome conhecimento, Antífolo de Siracusa e Drômio, seu escravo, também se encontram na cidade – onde moram os seus gêmeos.
A partir disso começa uma sucessão de mal-entendidos. Adriana, esposa de Antífolo de Éfeso, confunde-o com o de Siracusa, levando-o para casa e Drômio fica como protetor na entrada da casa. Assim, quando Antífolo de Éfeso – com seu Drômio – volta, é impedido de entrar em sua própria casa. Entretanto, Antífolo de Siracusa se apaixona por Luciana, irmã de Adriana, que estranha e fica confusa com o comportamento do suposto cunhado.
Ainda é aumentada a confusão quando uma corrente de ouro que deveria ser dada ao Antífolo de Éfeso é dada ao de Siracusa. Antífolo de Éfeso se recusa a pagar por uma corrente que não recebeu e é preso. A esposa acredita, assim, que ele está louco e busca pelo professor Pinch – um exorcista. Porém, o Antífolo de Siracusa e seu Drômio decidem fugir da cidade, que pensaram ser enfeitiçada, mas Adriana o ameaça e eles procuram refúgio em uma abadia.
Adriana pede ao duque que interfira, tirando seu suposto marido da abadia. O seu verdadeiro Antífolo, porém, escapa e procura pelo duque. A confusão começa a se desfazer, então, e é resolvida por Emilia, que traz os dois gêmeos para fora da abadia revelando ser a esposa desaparecida de Egeu.
O Antílofo de Éfeso e Adriana se reconciliam. Egeu é perdoado pelo duque Solino e volta para sua esposa. O Antífolo de Siracusa começa a tentar algo com Luciana e os Drômios felizes pelo reencontro.
Aplicando a definição de Aristóteles à Electra, de Eurípedes, temos a traição de Clitemnestra e o assassinato de Agamêmnon retratando a paixão humana – que leva os seres humanos a portarem-se de violência e irracionalidade, ignorando as leis humanas ou divinas que organizavam a vida.
Os conflitos resultantes da paixão e tais atos são retratados pelas condições em que se encontravam Electra (que fora obrigada pelos assassinos de seu pai a se casar com um camponês, estando em situação humilhante e pobremente vestida, lamentando a morte de Agamêmnon e sentindo-se abandonada pelos deuses) e Orestes (que assiste às lamentações de Electra escondido e logo se passando por um amigo dele próprio, ela conta-lhe a situação atual e recebe a hospitalidade do camponês, marido da irmã) e pela vingança planejada por eles, a morte de Egisto e de Clitemnestra.